Considerada doença pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o alcoolismo é a dependência do indivíduo ao álcool. A partir do momento em que a pessoa identifica o vício em bebida alcoólica e deseja se tratar, há a possibilidade de administrar remédios para parar de beber.
O tratamento do alcoolismo pode ser multimodal, ou seja, além do medicamento, é possível aliar com suporte psicológico e social, conforme orientação médica, além de grupos de ajuda.
Vale lembrar que a longo prazo e consumido de forma excessiva, o álcool tende a prejudicar todos os órgãos, em especial o fígado, responsável pela destruição das substâncias tóxicas ingeridas ou produzidas pelo corpo durante a digestão.
Além desses problemas, grande parte dos acidentes de trânsito, brigas, violência doméstica e acidentes de trabalho, por exemplo, são provenientes do abuso de álcool. Quando a pessoa diz “não” ao uso excessivo desta droga lícita e busca orientação médica, os seguintes medicamentos podem ser prescritos.
1. Naltrexona (nome comercial RÉVIA®)
Como funciona esse remédio
A naltrexona atua no sistema nervoso para diminuir a vontade de beber, fazendo com que a pessoa sinta menos os efeitos prazerosos do álcool. Basicamente, ele inibe a região do cérebro que interpreta o consumo como algo bom. Graças a essa função, o paciente tende a parar com a bebida alcoólica.
Modo de uso
Após avaliação de seu médico, recomenda-se uma dose diária de 50 mg de naltrexona, ou seja, um comprimido por dia. (Ingira sempre no mesmo horário todos os dias do tratamento).
O tratamento com esse remédio deve ser iniciado e supervisionado por médicos.
Além disso, a naltrexona pode comprometer a capacidade mental e/ou psíquica necessárias para o desempenho de tarefas potencialmente perigosas, como conduzir veículos.
Efeitos colaterais da naltrexona (RÉVIA®)
Pode causar efeitos colaterais como irritabilidade, alterações de humor, aumento da energia, desânimo, tonturas, arrepios, vertigens ou sede.
Contraindicações
- pessoa com hipersensibilidade ao cloridrato de naltrexona ou a qualquer um dos componentes da fórmula;
- pacientes com hepatite aguda ou deficiência hepática;
- pacientes que estejam recebendo analgésicos opioides;
- além disso, não pode ser utilizado por mulheres grávidas sem orientação médica.
2. Dissulfiram
Esse remédio funciona de forma estratégica para quem deseja parar de beber. Isso porque quando o paciente consome a bebida alcoólica com a medicação no organismo, o corpo inibe as enzimas que decompõem o álcool e transforma o acetaldeído em acetato, uma molécula que o organismo tende a eliminar.
Em palavras mais simples, o uso do medicamento faz com que a pessoa tenha sintomas desconfortáveis toda vez que beber, como: latejamento na cabeça e pescoço, náuseas, vômitos, sudorese, sede, palpitações, dor no peito, taquicardia, fraqueza, visão turva, entre outros.
Sendo assim, faz com que a pessoa deixe de ingerir bebida alcoólica para não sentir as reações desagradáveis.
Por causar reações adversas, ele é recomendado para pacientes selecionados, altamente motivados e que estejam com apoio psicoterapêutico. Como efeito colateral, pode apresentar sonolência, fadiga, náuseas, vômitos, halitose ou redução da libido.
Contraindicações
O Dissulfiram é contraindicado, ou necessário a administração com extremo cuidado, nos seguintes casos:
- portadores de diabetes mellitus;
- epilepsia;
- desordens neuropsiquiátricas;
- tireotoxicoses;
- nefrites agudas e crônicas;
- cirrose ou insuficiência hepática;
- disfunção das coronárias;
- insuficiência cardíaca;
- mulheres grávidas ou lactantes.
Para avaliar os riscos, o médico deve ser consultado.
3. Acamprosato
Biologicamente falando, o acamprosato atravessa a barreira hematoencefálica, estimulando a transmissão gabaérgica, inibindo, assim, alguns dos transmissores que estimulam a crise de abstinência ocasionada pelo álcool.
Em outras palavras, faz com que os sintomas da abstinência sejam reduzidos, o que faz com que a pessoa não sinta aquela vontade descontrolada de voltar a beber.
Os comprimidos devem ser tomados de preferência entre as refeições, se a tolerância gastrointestinal for boa. Como efeitos colaterais, podem apresentar diarreia, vômitos, depressão, insônia ou fraqueza.
Contraindicações
- Pacientes com hipersensibilidade ao acamprosato,
- diagnosticados com insuficiência renal,
- mulheres grávidas ou lactantes.
É importante ressaltar, mais uma vez, que somente médicos devidamente habilitados podem diagnosticar doenças, indicar tratamentos e receitar remédios.
Bibliografia
1. Fiellin DA, Reid MC, O’Connor PG. New therapies for alcohol problems: application to primary care. The American Journal of Medicine. 2000;108(3):227-237. doi:10.1016/S0002-9343(99)00448-9
2. UpToDate. www.uptodate.com. https://www.uptodate.com/contents/approach-to-treating-alcohol-use-disorder