A doença mão-pé-boca é uma condição viral, muito contagiosa, causada por um grupo de vírus chamado de enterovírus.
Costuma ter um período maior de circulação no outono e no verão, em países de clima temperado. Em países tropicais como o Brasil, ela pode acontecer o ano todo.
Causa da doença mão-pé-boca
A doença mão-pé-boca foi anunciada pela primeira vez em 1957 na Nova Zelândia e no Canadá.
Ela é causada por um grupo de vírus chamados de enterovírus, dentre eles, os mais comuns são o EV71 (principalmente na Ásia) e o coxsackie A16.
Importante sinalizar que, atualmente, já foram descritos mais de 100 tipos de Enterovírus. Então, muitas vezes, não conseguimos saber ou isolar o agente causal, a não ser em estudos clínicos. No entanto, não é preciso saber exatamente qual é o vírus para fazer o tratamento certo.
Sintomas
A síndrome mão-pé-boca pode iniciar com sintomas inespecíficos:
- Febre alta e persistente.
- Dor de garganta
- Redução da ingestão de alimentos.
Após alguns dias, pode evoluir para:
- Lesões ao redor da boca.
- Aftas na língua, gengiva e garganta.
- Lesões ulcerosas nas mãos e pés, não respeitando palmas e solas de pés — que é uma marca característica da doença — mas não exclusiva.
- Lesões na região de face, orelhas, cotovelos, tornozelos, genitais e glúteos.
As lesões no corpo são ovaladas, como grãos-de-arroz. Dentro da cavidade oral, as lesões têm característica de úlceras.
Na forma disseminada, podem surgir lesões vesico-bolhosas, principalmente nas extremidades.
Crianças que possuam doenças dermatológicas prévias, como a dermatite atópica (alérgica), podem apresentar uma forma mais exuberante, principalmente nas regiões já acometidas.
Foi descoberto também que a gravidade e o número das lesões têm relação íntima com a quantidade de vírus que a criança foi exposta.
Propensão para adquirir a doença
A doença mão-pé-boca costuma acometer crianças menores de 5 anos. Embora possa atingir crianças mais velhas — e é rara em adultos.
A manifestação em adultos tem relação com a quantidade de vírus que ele entrou em contato.
Transmissão
A doença mão-pé-boca é transmitida de pessoa para pessoa, direta ou indiretamente, por contato com secreções respiratórias (gotículas), e pelas fezes.
O período de incubação ocorre entre 3-6 dias.
Após o início dos sintomas, o período máximo de transmissão ocorre na primeira semana da infecção. No entanto, pode haver transmissão por até 1-3 semanas.
Nas fezes pode haver transmissão por até 4 semanas.
Diagnóstico da doença mão-pé-boca
O diagnóstico é essencialmente clínico, levando-se em conta o contato prévio da criança com outra pessoa doente.
O médico pode pedir exames complementares, como:
- Sorologias
- Exame de cultura
- PCR (proteína c reativa, um marcador de inflamação)
Mas esses exames não são feitos de rotina na investigação da doença.
Tratamento
Como a doença mão-pé-boca é transmitida por um vírus, não há um tratamento específico, apenas sintomático.
Em casos graves, com complicações e necessidade de internação, é indicado o uso de Imunoglobulina humana.
O único antiviral testado, o Pleconaril, ainda não teve seu uso liberado, e vem sendo estudado para casos complicados, como os de meningite assépticas.
Complicações
É raro ter complicações, mas quando acontece, as principais são:
- Meningites.
- Meningoencefalites.
- Miocardites.
- Descolamento das unhas (3 a 8 semanas após a infecção).
- Descamação de mãos e pés.
Prevenção
Após a confirmação de um caso, a pessoa deve ficar isolada por no mínimo sete dias, que é o período que pode transmitir a doença.
Medidas de higiene devem ser intensificadas em berçários, especialmente após a troca de fraldas.
A desinfecção de superfícies, objetos e brinquedos deve ser realizada constantemente.
A China, em 2015, aprovou uma vacina contra o EV 71, para prevenção das formas graves da doença. No entanto, somente esse país tem feito uso dessa vacina.
“Surto” de doença mão-pé-boca no Brasil
“Surto” de doença mão-pé-boca é definido quando temos dois ou mais casos em um determinado local, como escola ou creche.
Ainda assim, é notório o aumento do número de casos de doença mão-pé-boca nos últimos meses de novembro de 2021.
O possível motivo seria pelo amplo contato das crianças com a atual reabertura de escolas e creches, devido à pandemia causada pelo Sars-Cov-2, após um longo período de isolamento social.
Bibliografia
1. Síndrome Mão-Pé-Boca. https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/_22039d-DocCient_-_Sindrome_Mao-Pe-Boca.pdf