A depressão acomete cada vez mais pessoas pelo mundo. Apesar de ser uma doença que tem tratamento e cura, ainda carrega um estigma associado. Isso leva atraso na procura por um psiquiatra, enquanto os sintomas vão se tornando cada vez mais graves e temporariamente incapacitantes.
Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), estima-se que a doença afeta mais de 300 milhões de pessoas, de todas as idades, pelo mundo. Esse número vem se tornando ainda mais expressivo no período pós pandemia.
Todos nós já sentimos tristeza, cansaço, desânimo e angustia. Esses sintomas são inclusive esperados quando se perde um ente querido ou ocorre uma mudança expressiva na nossa rotina. E aqui cabe dizer que até mesmo mudanças positivas, como a conquista de uma promoção no trabalho ou a mudança para uma casa nova pode desencadear esses sentimentos.
Como saber então se é tristeza ou se estamos num quadro depressivo? Uma informação valiosa para o médico é o tempo de duração dos sintomas. Também levamos em conta o grau de prejuízo que isso tem acarretado no dia-a-dia.
Caso os sintomas persistam por 15 dias ou mais e você não consiga ir trabalhar, cuidar dos filhos, sair de casa, levantar da cama ou até mesmo tomar um banho, talvez seja a hora de procurar um psiquiatra.
Sintomas de depressão
Confira 10 sintomas de depressão presentes em um episódio depressivo para você ficar atento:
- Tristeza;
- Falta de vontade de fazer coisas que antes gostava;
- Mudança no apetite;
- Problemas de sono;
- Irritabilidade;
- Falta de energia;
- Pensamentos de culpa;
- Pensamento de ruína;
- Dificuldade de tomar uma decisão;
- Pensamento de morte e suicídio.
Diagnóstico de depressão
O diagnóstico de depressão é feito quando a pessoa apresenta 5 ou mais dos sintomas acima por mais de 14 semanas. E a investigação é clínica, feita por um psiquiatra.
Além disso, o médico também pede alguns exames para excluir outras doenças que podem se manifestar com os mesmo sintomas de depressão, entre elas:
- Anemia;
- Hipotireoidismo ou hipertireoidismo;
- Tumor cerebral;
- Deficiência de vitaminas.
É importante lembrar que nem sempre a pessoa que está passando por um episódio depressivo rompe com suas obrigações diárias.
E a maior parte dos casos é classificada como episódio depressivo leve, no qual a pessoa mantém suas atividades, principalmente as obrigatórias (como o trabalho), porém isso lhe exige um esforço fora do comum.
Tratamento da depressão
Felizmente, o tratamento da depressão é um sucesso para a maioria dos pacientes. Cerca de 80 a 90% das pessoas com depressão respondem bem ao tratamento.
O tratamento baseia-se em 3 pilares: medicação, psicoterapia e atividade física. Os três tem a mesma importância para o sucesso do tratamento.
Remédios para depressão
Antidepressivos podem ser prescritos para ajudar a modificar a química cerebral. Esses medicamentos não são sedativos e não formam hábitos (não viciam) nas pessoas que tem depressão.
Geralmente, os primeiros sinais de melhora acontecem entre duas a três semanas após a introdução da medicação. Para a resposta medicamentosa completa, devemos esperar de 1 a 2 meses. Esse tempo pode ser mais longo em pacientes idosos, podendo ser necessário aguardar até três meses para ponderar o efeito da medicação.
Os antidepressivos mais usados para tratamento do primeiro episódio depressivo são os ISRS (Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina). Eles atuam aumentando a concentração da serotonina na fenda neuronal. Alguns deles são:
Sertralina
Com a sertralina, 80% das pessoas sente sonolência, por isso, costuma-se prescrever antes de dormir. Pode apresentar como efeito colateral sintomas gastrointestinais, como constipação ou diarreia.
Fluoxetina
A fluoxetina, por sua vez, é a mais estimulante, por isso é prescrita inicialmente no período da manhã.
Pode apresentar como efeito colateral a perda de apetite, sendo, por esse motivo, muitas vezes associada a dietas ou a quem apresentou ganho de peso recente. Esse efeito tende a regredir após 3 meses de tratamento.
Escitalopram
O escitalopram não tem perfil de alterar o apetite, nem para mais, nem para menos. Tem menor chance de apresentar efeitos colaterais, e quando apresenta, a perda da libido é a mais restritiva.
Vortiorexina
A vortiorexina também é prescrita inicialmente pela manhã, e tem como principal efeito colateral náuseas, porém tem o perfil de não dar ganho de peso e nem gerar alteração da libido.
Mirtazapina
A mirtazapina é uma medicação que dá sonolência e aumenta o apetite. Costuma ser prescrita para pacientes com insônia e com perda ponderal.
Antidepressivos duais
Há também os antidepressivos inibidores seletivos da recaptação da serotonina e da noradrenalina, conhecidos como “duais”. São utilizados quando há falha na primeira opção ou para casos específicos. Por exemplo, para pacientes com diagnóstico de fibromialgia e episódio depressivo associado, a duloxetina entra como uma das melhores opções.
Combinação de medicações
Medicações de outras classes farmacológicas podem ser associadas para potencializar o efeito do antidepressivo em uso. Podem ser utilizados os antipsicóticos, como o aripiprazol ou a risperidona, e estabilizadores de humor, como o lítio ou a lamotrigina.
Psicoterapia
A psicoterapia é um técnica muito vantajosa, que auxilia na resolução dos problemas que geraram os sintomas e dão suporte para a superação de uma fase dolorosa.
É imprescindível que o psiquiatra e o psicólogo trabalhem juntos, principalmente na fase mais aguda do quadro. A troca de informações faz com que a resposta ao tratamento seja mais rápida e mais satisfatória.
Atividade física
A atividade física deve ser realizada regularmente, 3 vezes por semana, por no mínimo 50 minutos. O ideal é que seja mantida mesmo após o fim do tratamento medicamentoso.
E os benefícios do exercício são a manutenção da saúde mental, a prevenção do Alzheimer, a reposição da massa magra perdida com o passar dos anos e a melhora dos saúde física como um todo.
Aqui você pode fazer este teste online para saber se realmente existe risco de depressão:
Bibliografia
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2. Torres F. What Is Depression? Psychiatry. Published October 2020. https://www.psychiatry.org/patients-families/depression/what-is-depression
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