Os benefícios da amamentação para a saúde são de curto e longo prazo, tanto para a mãe quanto para o bebê.
O leite materno é a fonte ideal de nutrição para praticamente todos os bebês. A amamentação exclusiva é recomendada até os seis meses de vida, seguida pela introdução de novos alimentos complementares, como frutas, legumes e grãos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda manter a amamentação por pelo menos dois anos de idade, mesmo após iniciar a introdução de outros alimentos.
Vejamos abaixo 12 benefícios da amamentação para a saúde do bebê e da mãe.
1. Facilita o vínculo afetivo
Esse benefício neurocomportamental pode estar mais relacionado com o contato pele a pele da mãe com o bebê do que ao próprio leite materno.
O contato pele a pele da mãe com o bebê logo após o parto, estimula as percepções sensoriais através do cheiro, do tato e de sons, que contribuem para a interação entre os dois, com isso, gera sentimentos de felicidade, amor, tranquilidade e conforto para ambos.
O bebê aos poucos associará o cheiro da mãe com o leite materno, o que facilita encontrar o mamilo, contribuindo para o início do aleitamento materno.
A audição do bebê é estimulada pelos batimentos do coração e a voz materna, proporcionando maior segurança emocional.
2. Efeito analgésico
O amamentar proporciona ao bebê um efeito calmante que ameniza a sensação de dor em procedimentos dolorosos, como a vacina.
O contato do bebê com a pele da mãe alivia a maioria das dores comuns dos recém-nascidos sem a necessidade de medicação. Sendo que isso traz muita satisfação para mãe, pois pode confortar seu filho sem fazer uso de remédios a toda hora.
3. Melhora a função do intestino
O leite materno, por ser rico em anticorpos, protege o intestino da proliferação de microrganismos como bactérias, fungos e protozoários, mantendo a flora intestinal em equilíbrio. Segue alguns benefícios da amamentação comparada ao leite de fórmula:
- Menor risco de inflamação intestinal e de doenças diarreicas.
- Melhor digestão com o aumento do esvaziamento gástrico.
- Menor risco de intolerância à lactose.
- Reduz o risco de desenvolver enterocolite necrosante, que é uma inflamação intestinal em que porções do intestino sofrem necrose (morte das células) e geralmente ocorre em recém-nascidos prematuros.
4. Protege contra doenças comuns nos primeiros anos de vida
O leite materno contém tudo o que o bebê precisa nos primeiros seis meses de vida, nas proporções certas.
Por isso, diminui o risco de doenças agudas, crônicas e infecciosas:
- Infecções do trato respiratório: Estudos realizados no Reino Unido demonstraram que bebês amamentados exclusivamente até os seis meses de idade tiveram essas infecções reduzidas se comparado com bebês amamentados por menos de quatro meses. Em outro estudo realizado nos Estados Unidos e na Europa, a amamentação reduziu o risco de infecções respiratórias em crianças de três a seis meses de idade em aproximadamente 20%.
- Infecções do ouvido: diminui as taxas de otite média, que resulta de uma infecção causada por vírus ou bactérias, geralmente decorrente de uma complicação de um resfriado comum ou de alergias.
- Infecção do trato urinário: O leite materno possui componentes biologicamente ativos que confere proteção contra infecção de urina, contribuindo com inúmeros benefícios quando comparado com a fórmula.
- Sepse: O aleitamento materno precoce e exclusivo diminui o risco de desenvolvimento de sepse neonatal, que é uma doença complexa e grave, e é desencadeada por uma resposta inflamatória diante de uma infecção no organismo.
- Síndrome da morte súbita: Quanto maior for o tempo de amamentação exclusiva, melhor a proteção contra a morte súbita do lactente, que ocorre quando o bebê morre sem causa aparente, sendo uma das principais causas de morte de bebês com menos de um ano de vida — geralmente ocorre durante o sono noturno.
5. Menor incidência de pneumonia
Estudos mostram que os benefícios associados à ocorrência de pneumonia estão fortemente ligados ao maior tempo de amamentação, ou seja, por seis meses ou mais.
A proteção do leite materno contra infecções respiratórias foi demonstrada em vários estudos realizados em diferentes partes do mundo, inclusive no Brasil. Além disso, a amamentação diminui a gravidade dos episódios de infecção respiratória.
A chance de uma criança não amamentada internar por pneumonia nos primeiros três meses é muito maior do que em crianças amamentadas exclusivamente
Já o risco de hospitalização por bronquiolite é sete vezes maior em crianças amamentadas por menos de um mês.
6. Menos resfriado ou gripe
Bebês amamentados exclusivamente por seis meses têm menor risco de contrair resfriados ou gripe.
7. Proteção contra infecções de garganta
Pesquisadores relatam que a amamentação por mais de 9 meses foi associada a proteção contínua contra infecções de garganta e seios da face (sinusite) até os seis anos de idade.
8. Prevenção contra diabetes
Estudos demonstram que crianças que nunca foram amamentadas tiveram um risco duas vezes maior de diabetes tipo 1 em comparação com aquelas que foram amamentadas por 12 meses ou mais, ou aquelas que foram amamentadas exclusivamente por seis meses.
Além disso, durações mais longas da amamentação estão diretamente ligadas a menores taxas de diabetes tipo 2.
Não só a criança que é amamentada que adquire proteção contra diabetes, mas a mulher que amamenta também.
Foi descrito uma redução de 15% na incidência de diabetes tipo 2 para cada ano de lactação.
Iniciar a ingesta de leite de vaca, antes dos quatro meses, pode aumentar o risco do aparecimento do diabetes mellitus tipo I em 50%.
Estima-se que 30% dos casos poderiam ser prevenidos se 90% das crianças até três meses não recebessem leite de vaca.
9. Reduz o risco para doenças alérgicas
O bebê amamentado por pelo menos quatro meses de idade tem menor risco de apresentar alergia ao leite de vaca na primeira infância.
Estudos mostram que a amamentação exclusiva nos primeiros meses de vida diminui o risco de alergia à proteína do leite de vaca, de dermatite atópica e de outros tipos de alergias, incluindo asma e sibilos recorrentes.
Assim, quanto mais demorar para apresentar outros alimentos na dieta da criança, mais chance de prevenir o aparecimento de alergias, principalmente para aquelas que já apresentam casos dessas doenças na família.
Por isso é importante evitar o uso desnecessário de fórmulas lácteas nas maternidades.
10. Reduz a chance de obesidade
A maioria dos estudos que avaliaram a relação entre obesidade em crianças maiores de 3 anos e tipo de alimentação no início da vida constatou menor frequência de sobrepeso/obesidade em crianças que haviam sido amamentadas.
Quanto às evidências do efeito do aleitamento materno em longo prazo, a Organização Mundial da Saúde (OMS), mostra que os indivíduos amamentados tiveram uma chance 22% menor de vir a apresentar sobrepeso/obesidade.
É possível também que quanto maior o tempo em que a criança foi amamentada, menor será a chance de ele vir a apresentar sobrepeso/obesidade. Essa proteção pode estar relacionada ao próprio controle da criança ao mamar e à composição única do leite materno, que o faz ser tão adequado nas quantidades necessárias de nutrientes ou calorias ideias para o bebê, evitando assim o sobrepeso.
Foi constatado também que o leite de vaca altera o sono de crianças amamentadas, podendo esse fato estar associado o desenvolvimento de obesidade.
11. Benefícios da amamentação na inteligência
Alguns estudos mostram que o aleitamento materno contribui para o desenvolvimento cognitivo.
Os bebês amamentados apresentam vantagens nesse aspecto quando comparados com os não amamentados.
Ainda não são conhecidos todos os meios que levam a esse benefício cognitivo, alguns estudiosos apoiam a existência de substâncias no leite materno que contribuem para o desenvolvimento cerebral, enquanto outros defendem que são os fatores comportamentais ligados ao ato de amamentar, como a intimidade física, ao toque e ao contato visual.
Bebês amamentados tem níveis mais altos de inteligência e tem menos chance de desenvolver alteração de comportamento e aprendizado ao longo da vida.
12. Benefícios da amamentação na qualidade de vida
Os bebês alimentados somente com leite materno têm menor risco de desenvolver doenças, o que reduz o número de consultas médicas, medicações ou hospitalizações. Com isso, os pais terão mais tempo para se dedicar à relação familiar graças aos benefícios da amamentação.
O leite materno é insubstituível por vários motivos, um deles é a praticidade de poder amamentar em qualquer lugar ou qualquer hora do dia, sem contar que o leite estará sempre pronto, quentinho e na medida certa para o bebê.
Além disso, a amamentação sendo bem sucedida, mães e crianças podem estar felizes, repercutindo nas relações familiares e, consequentemente, na qualidade de vida dessas famílias.
Bibliografia
1. World Health Organization. Breastfeeding. Who.int. Published 2019. https://www.who.int/health-topics/breastfeeding#tab=tab_1
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3. ATENÇÃO BÁSICA CADERNOS de SAÚDE DA CRIANÇA: CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO ATENÇÃO BÁSICA CADERNOS de SAÚDE DA CRIANÇA: CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO CADERNOS de ATENÇÃO BÁSICA 33 -SAÚDE DA CRIANÇA: CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO. https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_crianca_crescimento_desenvolvimento.pdf