Apendicite é a inflamação de um pequeno órgão localizado na primeira porção do intestino grosso, conhecido como apêndice.
O comprimento do apêndice varia de 2 a 20 cm, com média de 10cm.
É uma condição que pode causar dor muito forte e aguda no lado direito do abdômen, geralmente acompanhada de enjoo, vômitos, febre, e perda de apetite.
Apendicite ocorre com mais frequência nas pessoas entre 20 e 30 anos, e atinge mais os homens do que a mulheres.
Para que serve o apêndice
O apêndice serve para ajudar na imunidade, pois é um órgão que possui muitas células de defesa, chamadas de células linfoides.
Outra função do apêndice é repor a flora intestinal após um quadro de diarreia.
Até recentemente, o apêndice era considerado sem função no corpo humano, a ponto de ser chamado de órgão rudimentar.
No entanto, nos últimos anos, vários estudos têm mostrado a importância apêndice para o desenvolvimento e preservação do sistema imunológico intestinal.
Sintomas de apendicite
A característica mais marcante da apendicite é uma dor muito forte e aguda, que leva a pessoa a procurar ajuda médica imediata.
Geralmente, os sintomas começam na região em volta do umbigo (dor periumbilical), acompanhada de náuseas e perda do apetite (anorexia). Em seguida, a dor passa a se localizar na região inguinal direita, conforme a inflamação vai se instalando.
Além disso, é comum a presença de febre (37,7 a 38ºC), coração acelerado (taquicardia) e vômitos.
Quando esses sintomas estão presentes, a hipótese de apendicite é muito forte. Porém, outros sintomas menos específicos podem vir acompanhados, como: diarreia, obstipação, dor ao urinar (disúria), distensão abdominal, ausência de febre, ausência de perda do apetite.
Em resumo, os sintomas de apendicite são:
- Dor muito forte e aguda que leva a pessoa a procurar ajuda médica imediata.
- Dor que começa em volta do umbigo e depois muda para a parte inferior direita do abdômen.
- Náuseas e vômitos
- Perda do apetite
- Febre
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Outras doenças que podem ser confundidas com apendicite
- Diverticulite colônica.
- Diverticulite de Meckel.
- Infecção urinária.
- Infecção renal (pielonefrite).
- Pedras nas vias urinárias (ureterolitíase).
- Infecção intestinal (gastroenterite)
- Doença inflamatória intestinal.
- Cisto ovariano roto ou torcido.
- Doença inflamatória pélvica.
- Endometriose.
- Abscesso tudo-ovariano.
Causas de apendicite
A obstrução do apêndice foi proposta como a principal causa de apendicite, que pode ser provocada por:
- Massas fecais duras (fecalito).
- Cálculos.
- Vegetais ou sementes.
- Hiperplasia linfoide.
- Processos infecciosos.
- Tumores benignos ou malignos.
No entanto, nem toda pessoa que tem apendicite possui obstrução no apêndice.
Uma vez obstruído, o apêndice sofre um crescimento bacteriano excessivo, e a infecção piora nas próximas 24h.
Se não tratado, o apêndice pode perfurar e lançar secreção para a cavidade abdominal, causando uma forte irritação chamada peritonite.
Outro risco que a pessoa corre se não tratar a apendicite a tempo é o de infecção generalizada, uma condição médica muito grave.
Diagnóstico
Geralmente, o diagnóstico de apendicite é feito clinicamente, quando os sintomas clássicos estão presentes.
No entanto, o médico pode solicitar exames complementares para auxiliar no diagnóstico quando o quadro clínico gerar incerteza. Os principais exames pedidos são:
Exames de sangue: hemograma e provas inflamatórias, como VHS (velocidade de hemossedimentação) e PCR (proteína C-reativa). Os leucócitos geralmente se elevam até 18.000. Porém, a ausência de leucócitos elevados não exclui a possibilidade de apendicite.
Exame de urina: é usado para excluir infecção de urina simulando apendicite.
Exames de imagem: a tomografia computadorizada do abdômen (com contraste) é o exame de imagem que traz mais certeza na investigação de apendicite. Sua desvantagem é a exposição do paciente à radiação e ao contraste, o que não ocorre com a ultrassonografia, no entanto, a ultrassonografia é menos eficiente que a tomografia para detectar inflamação no apêndice.
Tratamento da apendicite
O tratamento da apendicite é feito com a remoção cirúrgica do apêndice inflamado, além do uso de antibióticos.
A técnica cirúrgica adotada é a videolaparoscopia na maioria dos casos. Essa técnica se popularizou nos últimos anos e se tornou mais comum que a técnica clássica de incisão de McBurney (pequena incisão na região inguinal direita).
A videolaparoscopia, quando comparada com a técnica clássica (incisão de McBurney), apresenta algumas vantagens, como:
- Menor tempo de internação.
- Retorno mais rápido ao trabalho.
- Menor taxa de infecção perioperatória.
A apendicite aguda é a emergência cirúrgica abdominal mais comum no mundo, por isso é importante se atentar aos sinais e não demorar para procurar por atendimento médico.
Bibliografia
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