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Anestesia geral: tipos, entubação, duração e riscos

Fernando Pereira

Revisão clínica: Dr. Fernando Pereira

Revisado:

O que é anestesia geral? 

Anestesia geral é um estado de inconsciência que parece um sono profundo. É causada por uma combinação de medicamentos que age no cérebro. Isso significa que o cérebro fica impedido de receber sinais dolorosos, hormonais e motores.

Como resultado, o paciente fica totalmente inconsciente, imóvel e sem sensibilidade.

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De fato, esse tipo de anestesia é adequado e seguro para a maioria dos procedimentos cirúrgicos.

Tipos de anestesia geral 

A anestesia geral pode ser aplicada na veia ou na forma de gás anestésico inalatório. Conforme o tipo da técnica escolhida, a anestesia geral passa a se chamada de anestesia inalatória, anestesia venosa ou anestesia balanceada ou mista.

Anestesia geral inalatória

O agente anestésico inalado passa pelos pulmões, corrente sanguínea e chega até o cérebro, onde exerce seu efeito.

Os anestésicos inalatórios de uso corrente são sevoflurano, desflurano e isoflurano.

Quando a anestesia foi descoberta, o único anestésico disponível era o gás éter. Ele possuía os efeitos almejados na anestesia, que é obtenção de inconsciência, analgesia e relaxamento muscular. No entanto, não era específico na sua finalidade.

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Somente após a criação dos anestésicos venosos modernos que foi possível a administração dos medicamentos com uma finalidade bem específica.

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Anestesia geral venosa

A anestesia venosa é feita diretamente na veia, e para conseguir o efeito desejado, administra-se drogas específicas para cada tipo de efeito. Assim, para abolir a dor, aplica-se analgésicos; para obtenção da inconsciência, utilizam-se hipnóticos; e para conseguir imobilidade, administra-se bloqueadores musculares.

Anestesia geral balanceada

A anestesia balanceada é a combinação da anestesia inalatória com a venosa, fazendo uso do que há de melhor em cada técnica. Isso possibilita reduzir os efeitos colaterais de cada uma conforme a individualidade de cada paciente.

Onde é aplicada a anestesia geral? 

A anestesia geral é aplicada na veia ou por via inalatória (gás anestésico). A infusão é contínua e dinâmica e o anestesista faz a combinação de várias drogas com o objetivo de obter o efeito desejado. Em uma anestesia geral simples, por exemplo, pode haver mais de 20 tipos de combinações de drogas.

Como é feita a anestesia geral 

O processo de uma anestesia geral passa por quatro fases:

Avaliação e medicação pré-anestésica

A consulta pré-anestésica pode acontecer no consultório, alguns dias antes da cirurgia; ou no dia do procedimento, no quarto de internação.

Na consulta pré-anestésica, o médico anestesista colhe informações do histórico de saúde, explica possíveis riscos e decide pela técnica anestésica mais adequada para o paciente.

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Dependendo do grau de ansiedade ou outra situação específica, o anestesista pode receitar um ansiolítico como medicação pré-anestésica.

Fase de indução

Depois de obter uma veia, a anestesia pode ser iniciada com a aplicação de anestésicos injetados no vaso sanguíneo. Crianças geralmente recebem um gás inalatório através de uma máscara, e a veia é obtida depois de estarem dormindo.

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O efeito é imediato, e o paciente rapidamente sente uma sensação de sono pesado. A partir daí, não é capaz de responder a comandos e não consegue manter a respiração sem ajuda.

Nesse momento, o anestesista insere um tubo na via aérea e conecta o dispositivo na ventilação mecânica.

Fase de manutenção

Na fase de manutenção, o paciente já se encontra em um estado profundo de anestesia, popularmente chamado de “coma induzido”. Aqui, o anestesista continua aplicando medicações e cuidando para que as funções vitais (pressão arterial, oxigenação no sangue, ritmo de batimentos do coração, função dos pulmões, função dos rins, etc) continuem funcionando adequadamente.

Para que o paciente continue em estado de inconsciência, pode receber gases anestésicos através do ventilador mecânico ou drogas hipnóticas pela veia.

Os principais gases anestésicos são sevoflurano e desflurano, e o principal hipnótico é o propofol.

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Fase de recuperação

Assim que termina a cirurgia, o anestesista encerra a aplicação dos medicamentos e prepara o paciente para o despertar.

Ao acordar da anestesia, já estará sem o tubo na via aérea e será capaz de respirar por conta própria.

Depois disso, será encaminhado para uma sala de Recuperação Anestésica (RPA) ou para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) até que o efeito residual dos anestésicos já tenha passado.

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Anestesia geral precisa entubar? 

Sim. Anestesia geral precisa entubar.

Durante a anestesia geral, na maioria das vezes, a respiração e o funcionamento normal dos pulmões ficam comprometidos, por causa do efeito dos anestésicos utilizados.

Para contornar isso, o anestesista insere um tubo de respiração na traqueia e liga-o a um ventilador mecânico (“pulmão artificial”) para garantir a segurança do paciente e o funcionamento normal dos pulmões.

Quais os efeitos da anestesia geral?

Os efeitos da anestesia geral são:

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  • Ausência de dor ao cortar a pele;
  • Relaxamento e paralisia da musculatura;
  • Amnésia (o paciente não tem lembrança do que aconteceu durante a cirurgia).

Quanto tempo dura os efeitos da anestesia geral? 

A anestesia geral dura o tempo que for necessário para que a cirurgia seja realizada. O anestesista consegue calibrar o tempo da anestesia realizando a combinação de diversas drogas.

Quando a cirurgia termina, o anestesista interrompe a aplicação dos anestésicos, e o paciente acorda logo em seguida.

No entanto, apesar de estar acordado, os efeitos dos anestésicos pode durar mais que uma hora, então é comum que o paciente não se lembre do momento em que acordou.

 É normal se sentir grogue e um pouco confuso quando acorda, mas em pouco tempo esse efeito passa.

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Efeitos colaterais da anestesia geral 

Alguns efeitos colaterais comuns podem aparecer ao final da anestesia. Eles são passageiros e não devem geram muito incômodo. No entanto, caso os sintomas se intensifique, o anestesista pode fornecer medicamentos para reduzir os sintomas.

De fato, os efeitos colaterais dependem da condição individual e do tipo de cirurgia. Os principais são:

  • Boca seca;
  • Coceira;
  • Dor de garganta;
  • Dores musculares;
  • Leve rouquidão;
  • Náusea;
  • Sonolência;
  • Tremores;
  • Vómito.

Riscos da anestesia geral

O risco de complicações está mais relacionado com o tipo de cirurgia e ao estado de saúde geral, em vez do tipo de anestesia.

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Alguns possíveis riscos associados ao período operatório são:

  • Alergia à medicação;
  • Arritmias cardíacas;
  • Aspiração pulmonar;
  • Broncoespasmo e laringosespasmo;
  • Consciência intraoperatória;
  • Delirium;
  • Edema agudo pulmonar;
  • Hipertermia maligna;
  • Parada cardíaca.

Condições que aumentam o risco de complicações 

Algumas condições específicas aumentam o risco de complicações durante uma anestesia;

  • Abuso de bebida alcóolica e drogas
  • Alergias a medicações
  • Apneia obstrutiva do sono
  • Convulsões
  • Derrame
  • Diabetes
  • Doenças do coração, fígado, pulmões e rins
  • Jejum incompleto
  • Feocromocitoma
  • Miastenia grave
  • Obesidade
  • Pressão alta
  • Tabagismo
  • Uso de medicação anticoagulante

Consciência durante anestesia geral 

Ter consciência durante a anestesia geral é um fenômeno muito raro, mas que pode acontecer.

O paciente pode sentir que está acordado, ouvir o som das pessoas falando, mas não ser capaz de dizer ao médico que está acordado. Essa é uma situação que pode gerar alterações psicológicas de longo prazo semelhantes ao transtorno de estresse pós-traumático.

Como é um fenômeno muito raro, pouco se sabe as causas, mas algumas situações podem estar relacionadas:

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  • Abuso de bebida alcoólica;
  • Cesariana sob anestesia geral;
  • Cirurgia de emergência;
  • Doenças cardíacas ou pulmonares;
  • Pacientes com depressão;
  • Uso de certos medicamentos.

Realmente essa é uma situação que preocupa a todos, mas, felizmente, hoje existem alguns aparelhos de função cerebral (conhecido com BIS, na sigla em inglês) que ajudam o anestesista a identificar se o nível da anestesia está suficiente. Com isso, ele pode ajustar a quantidade da medicação de acordo com a profundidade do “sono” do paciente.

Preparo para a anestesia geral 

Antes existia uma regra fixa de oito horas de jejum total para todo tipo de cirurgia, no entanto, hoje em dia, o jejum está mais flexível, sendo possível tomar líquidos claros até duas horas antes do procedimento.

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Mas essa não é uma regra geral para todos, pois o jejum deve ser individualizado e cada paciente deve receber uma recomendação de jejum de acordo com seu histórico de saúde e com o tipo de anestesia e cirurgia que será submetido.

Por exemplo, o diabético deve fazer mais tempo de jejum que uma pessoa sem a condição. Outro exemplo é o obeso, que também deve fazer um jejum mais longo que uma pessoa magra.

Portanto, a orientação de jejum deve ser dada pelo médico anestesiologista alguns dias antes da cirurgia, individualmente para cada paciente.

O anestesista também orientará sobre o uso de remédios e fitoterápicos que podem interferir na anestesia e cirurgia. Informe sobre todos os tipos de remédios, vitaminas, suplementos e chás que esteja tomando.

Remédios à base de plantas como ginseng, alho, ginkgo biloba, entre outros, podem causar complicações durante a cirurgia.

Quem pode aplicar a anestesia?

É recomendado que a anestesia seja aplicada por um médico anestesiologista. Porém, há algumas situações em que o médico não especialista também se sente seguro para administrar a anestesia local ou sedação leve.

1. UpToDate. www.uptodate.com. Accessed September 3, 2022. https://www.uptodate.com/contents/overview-of-anesthesia

2. American Society of Anesthesiologists. ​ASA Physical Status Classification System | American Society of Anesthesiologists (ASA). Asahq.org. Published October 15, 2014. https://www.asahq.org/standards-and-guidelines/asa-physical-status-classification-system

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